quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Confusão e Gaveta

Dizem que quando estamos arrumando gavetas significa que tentamos organizar nossas próprias mentes. Pois toda hora é hora de faxina. Será?

Não poderá ser saudável uma gaveta - ou mente- bagunçada? A confusão foi injustiçada na história da humanidade. E hoje eu venho, sem qualquer propriedade, autoridade ou encanto, para dizer que discordo com tudo isso. Viva à confusão! Viva o caminho incerto, a resposta dúbia e o porém. Porque a interpretação vale mais que uma certeza fria, passiva e apática. E é nesse ritmo de negação da tarefa a ser feita que começamos a arrumar, é preciso coragem para bater o pé e dizer : "É, vou arrumar esse pandemônio" . E começamos. Mas logo no primeiro objeto da gaveta você para, aquela caixinha de coisas inúteis que você reuniu sem motivo, e que de alguma forma lhe trazem certa estima.

Perca-se. Em lembranças, em fatos, em ficções e nos etcs. Quem gosta de finais prontos, de respostas óbvias nunca foi surpreendido de verdade. Existe certa magia e um borogodó característico no caos. Se o caos fosse uma pessoa, seria dessas que energizam o ambiente e nos seduzem. Como um poeta rebelde e andarilho.O que soa como mito, e não seria de mitos que a tal da verdade é feita?

 E importa?

E o fazer ou não sentido do texto, importa? Duvido bastante. Porque o não pode ser o maior sim. Eu digo, sem receio, que gavetas bagunçadas são mais felizes. Eu posso apostar que uma gaveta em ordem é muito sem graça. Cha-ta. Chata, chata, chata. Você abre e já vê tudo, já sabe o que tem e o que não tem ali, que desperdício de criatividade.

Nenhuma das palavras acima teve objetivo certo. É um texto perdido. Um bicho solto que foge não sei para onde. E corre levantando poeira, ba-gun-çan-do. Talvez isso seja um convite à confusão. Poderia dizer que as portas estão abertas, mas o que confunde não tem porta, porque não tem entrada nem saída e muito menos muros. É livre.

Confundam-se.

E voltem sempre.